LITERATURA – BRASILEIRA


Ano: 2014

  • O poeta (Mario Quintana)

    Venho do fundo das Eras, Quando o mundo mal nascia, Sou tão antigo e tão novo Como a luz de cada dia. Leia outros poemas de Mário Quintana .. O descobridor Bilhete O silêncio A viagem

  • Eu que não amo você (Engenheiros do Hawaii)

    Eu que não fumo queria um cigarroEu que não amo vocêEnvelheci dez anos ou mais nesse último mêsSenti saudade, vontade de voltarFazer a coisa certa: aqui é o meu lugarMas, sabe como é difícil encontrarA palavra certa, a hora certa de voltarA porta aberta, a hora certa de chegar Eu que não fumo queria um…

  • Velhas árvores (Olavo Bilac)

    Velhas árvores Olha estas velhas árvores, mais belasDo que as árvores novas, mais amigas:Tanto mais belas quanto mais antigas,Vencedoras da idade e das procelas… O homem, a fera, e o inseto, à sombra delasVivem, livres de fomes e fadigas;E em seus galhos abrigam-se as cantigasE os amores das aves tagarelas. Não choremos, amigo, a mocidade!Envelheçamos…

  • Provocações (Luis Fernando Veríssimo)

    A primeira provocação ele agüentou calado. Na verdade, gritou e esperneou. Mas todos os bebês fazem assim, mesmo os que nascem em maternidade, ajudados por especialistas. E não como ele, numa toca, aparado só pelo chão. A segunda provocação foi a alimentação que lhe deram, depois do leite da mãe. Uma porcaria. Não reclamou porque…

  • Cantilena (Olavo Bilac)

    Céu estrelado por Babak Tafreshi Quando as estrelas surgem na tarde, surge a [esperança…Toda alma triste no seu desgosto sonha um Messias:Quem sabe? o acaso, na sorte esquiva, traz: a mudançaE enche de mundos as existências que eram vazias! Quando as estrelas brilham mais vivas, brilha a esperança…Os olhos fulgem; loucas, ensaiam as asas frias:Tantos…

  • Escárnio perfumado (Cruz e Sousa)

    Quando no enleioDe receber umas notícias tuas,Vou-me ao correio,Que é lá no fim da mais cruel das ruas, Vendo tão fartas,D’uma fartura que ninguém colige,As mãos dos outros, de jornais e cartasE as minhas, nuas – isso dói, me aflige… E em tom de mofa,Julgo que tudo me escarnece, apoda,Ri, me apostrofa, Pois fico só…

  • A Escravidão (Tobias Barreto)

    Se Deus é quem deixa o mundoSob o peso que o oprime,Se ele consente esse crime,Que se chama a escravidão,Para fazer homens livres,Para arrancá-los do abismo,Existe um patriotismoMaior que a religião. Se não lhe importa o escravoQue a seus pés queixas deponha,Cobrindo assim de vergonhaA face dos anjos seus,Em seu delírio inefável,Praticando a caridade,Nesta hora…

  • Desejo (Hora do Delírio) – Junqueira Freire

    O Peregrino Sobre o Mar de Névoas.Pintura: Caspar David Friedrich Se além dos mundos esse inferno existe,Essa pátria de horrores,Onde habitam os tétricos tormentos,As inefáveis dores; Se ali se sente o que jamais na vidaO desespero inspira:Se o suplício maior, que a mente finge,A mente ali respira; Se é de compacta, de infinita brasaO solo…

  • MAR PORTUGUÊS (Fernando Pessoa)

    Ó mar salgado, quanto do teu salSão lágrimas de Portugal!Por te cruzarmos, quantas mães choraram,Quantos filhos em vão rezaram!Quantas noivas ficaram por casarPara que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a penaSe a alma não é pequena.Quem quer passar além do BojadorTem que passar além da dor.Deus ao mar o perigo e…

  • UM (José Neres)

    Mais de mil sonetos falam de amor, Dez mil idolatram a solidão, Mas estes meus têm outro sabor, Sabor de fome medo e podridão. Os meus versos dão muito mais valor Às lágrimas suadas pela mão De um pobre e sofrido trabalhador Que às gotas perfumadas da paixão Eu não posso cantar sobre uma flor…