Hilda Hilst foi uma escritora nascida em Jaú, interior de São Paulo. Ela foi uma artista com qualidades excepcionais em todos os gêneros literários que se propôs: poesia, teatro e ficção.
Muitas de suas poesias foram musicadas por cantores nacionalmente conhecidos, como Zeca Baleiro, Zélia Ducan e Almeida Prado (seu primo). Entre seus trabalhos, destaca-se o álbum “Ode Descontínua para Flauta e Oboé – de Ariana para Dionísio”, cantado por vários artistas.
Seguem os versos das Canções I e II:
I
É bom que seja assim, Dionisio, que não venhas.
Voz e vento apenas
Das coisas do lá fora
E sozinha supor
Que se estivesses dentro
Essa voz importante e esse vento
Das ramagens de fora
Eu jamais ouviria. Atento
Meu ouvido escutaria
O sumo do teu canto. Que não venhas, Dionísio.
Porque é melhor sonhar tua rudeza
E sorver reconquista a cada noite
Pensando: amanhã sim, virá.
E o tempo de amanhã será riqueza:
A cada noite, eu Ariana, preparando
Aroma e corpo. E o verso a cada noite
Se fazendo de tua sábia ausência.
II
Porque tu sabes que é de poesia
Minha vida secreta. Tu sabes, Dionísio,
Que a teu lado te amando,
Antes de ser mulher sou inteira poeta.
E que o teu corpo existe porque o meu
Sempre existiu cantando. Meu corpo, Dionísio,
É que move o grande corpo teu
Ainda que tu me vejas extrema e suplicante
Quando amanhece e me dizes adeus.
Gostou? Ouça o álbum completo: Ode Descontínua e Remota para Flauta e Oboé
Texto de Isotília Melo do Blog 500 Livros.
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