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Rachel de Queiroz |
Rachel de Queiroz (1910 — 2003) foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras em 1977 e também a primeira mulher a receber o Prêmio Camões em 1993. Destacou-se na ficção social nordestina e uma de suas principais temáticas foi a posição da mulher na sociedade.
Aos vinte anos, publica o seu primeiro livro O Quinze (1930), romance que mostra a luta do povo nordestino contra a seca e a miséria. O Quinze chamou a atenção da crítica e do público projetando Rachel de Queiroz na literatura nacional. Graciliano Ramos, após ler O quinze em 1933, confessou mais tarde:
“Durante muito tempo ficou-me a ideia idiota de que ela era homem, tão forte estava em mim o preconceito que excluía as mulheres da literatura.”
Vinculada brevemente ao Partido Comunista, Rachel rompeu sua filiação quando a direção do Partido não aprovou os originais de seu segundo livro, João Miguel. Eles exigiam que ela reescrevesse a história com alterações do tipo “ao invés de ser o operário que matava o burguês, tinha que ser o burguês que matava o operário” entre outras [1]. Em entrevista Rachel fala sobre o rompimento, queixando-se da estreiteza mental e escravidão intelectual do partido
“essa estreiteza, essa escravidão (…) ou você era escravo deles ou eles não te admitiam”.
Com a decretação do Estado Novo em 1937, Rachel é perseguida e tem seus livros queimados em Salvador – BA. Rachel permanece detida, por três meses, na sala de cinema do quartel do Corpo de Bombeiros de Fortaleza.
Em 1957 recebe o primeiro reconhecimento por parte da Academia Brasileira de Letras, recebe o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto de sua obra e vinte anos depois é eleita como membro da ABL.
Raquel de Queiroz foi favorável à deposição do presidente João Goulart em 1964. O apoio ao Golpe de 64 custou caro à escritora [2]. Em entrevistada ao programa Roda Viva em 1991, ao ser questionada pelo motivo, a escritora responde: “Eu abominava o janguismo e ainda hoje abomino o Brizola, que representa o janguismo, o Getúlio. Era uma expressão disso tudo”.
Sobre as torturas do regime militar, ela afirma “ A revolução que apoiei foi enquanto Castelo Branco era presidente [foi o primeiro presidente do regime militar instaurado pelo golpe de 1964] e ele não fez tortura nenhuma, a intenção dele era fazer eleições para um presidente civil (…) Mas ele não conseguiu. (…) Não conseguiu, ele foi praticamente deposto. Fez se aquela eleição do Costa e Silva, mas o Castelo foi praticamente deposto pelo grupo militar que era mais forte, e era o grupo reacionário do Costa e Silva. ”
Sobre a sua nomeação a membro da ABL, Rachel fala em entrevista no programa Frente a Frente porque acha que foi nomeada e sobre a pouca presença de mulheres na ABL (Confira a resposta em 22 min 40s).
Assista à Entrevista:
Essa postagem faz parte do Desafio Mulheres na ABL em colaboração com o Blog 500 Livros.
Confira os livros que já foram lidos:
O Quinze – Rachel de Queiroz
O Baile de Máscaras – Rosiska Darcy de Oliveira
Tropical Sol da Liberdade – Ana Maria Machado
Memorial de Maria Moura – Rachel de Queiroz
O pão de cada dia – Nélida Piñon
Ciranda de Pedra – Lygia Fagundes Telles
Referências
1. Entrevista Frente a Frente
2. Revista de História – Rachel de Queiroz
2. Entrevista Roda Viva R Queiroz
3. Documentário TV Camara
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