Escravizar significa “reduzir a condição de escravo; subjugar, sujeitar.”. É importante ressaltar dois pontos nesta definição:
1. As palavras “escravo” e “slave” (em inglês) têm o mesmo significado e a mesma origem. Ambas vieram de “eslavo”, povo europeu branco de olhos claros, que foi escravizado várias vezes. Ou seja, a escravidão não é restrita a uma única etnia ou cor de pele;
2. A definição de “escravizar” é envolver “subjugar” e “sujeitar”, mas não necessariamente envolve só violência física. As maneiras para reduzir alguém à condição de escravo podem ser muitas e envolver uma combinação de fatores (psicológico, financeiro, social, etc.).
Gostamos de nos iludir pensando que escravidão é apenas um fato histórico. Mas ela continua forte até hoje. Talvez até mais forte que no passado. Para ver a face escravidão moderna em vários lugares do globo, assistam a palestra tocante da fotógrafa Lisa Kristine.
Jovens Polacas – A Escravidão Branca no Brasil
Para descobrir outra face da escravidão no Brasil, destaca-se o livro “Jovens Polacas – Da miséria na Europa à prostituição no Brasil” da escritora brasileira Esther Largman.
O livro trata da História da organização criminosa Zwi Migdal, que era especializada em tráfico humano para a escravidão e atuava (ou ainda atua?) principalmente no Brasil e na Argentina, até o começo do século XX.
Os membros dessa organização procuravam moças de famílias pobres no Leste europeu e, na maioria dos casos, casavam com elas e as traziam para o Brasil. Chegando aqui, eles as obrigavam a se prostituírem. Essas moças louras e brancas, que não falavam português, ficaram conhecidas como “as polacas”. A maioria delas morreu nessa condição e as autoridades nunca se preocuparam muito com isso. O Zwi Migdal foi desarticulado devido ao ato heroico de uma ex-escrava, Rachel Lieberman, que denunciou os principais líderes da organização.
A autora do livro, Esther Largman, recebeu ameaças enquanto pesquisava e escrevia. O prefácio é do grande escritor e médico Moacy Scliar, que relata sua experiência profissional atendendo essas mulheres (já idosas) num hospital psiquiátrico.
Esta é uma leitura recomendada para quem gosta de História e deseja se aprofundar no tema. Mas é preciso ter um estômago forte, para entender a fundo todas as definições da palavra “escravizar”.
Texto de Isotília Melo do Blog 500 Livros.
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