Tag: Fernando Pessoa
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Cancioneiro
Livro Cancioneiro da Editora L&PM Cancioneiro é uma coletânea de poemas de Fernando Pessoa (1888-1935), os poemas reunidos foram originalmente publicados esparsamente em periódicos e organizados por Jane Tutikian. Em vida, Fernando Pessoa publicou apenas cinco livros1, um em português — Mensagem (1934) — e os restantes em inglês. No entanto, sua obra é muito…
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O guardador de Rebanhos
XI – Sou um guardador de rebanhosSou um guardador de rebanhosO rebanho é os meus pensamentosE os meus pensamentos são todos sensações.Penso com os olhos e com os ouvidosE com as mãos e os pésE com o nariz e a boca.Pensar uma flor é vê-la e cheirá-laE comer um fruto é saber-lhe o sentido.Por isso…
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Tão cedo passa tudo quanto passa!
Tão cedo passa tudo quanto passa!Tão cedo passa tudo quanto passa!Morre tão jovem ante os deuses quantoMorre! Tudo é tão pouco!Nada se sabe, tudo se imagina.Circunda-te de rosas, ama, bebeE cala. O mais é nada.Tão CedoTão cedo tudo quanto passa!Morre tão jovem ante os deuses quantoMorre! Tudo é tão pouco!Nada se sabe, tudo se imagina.Circunda-te…
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MAR PORTUGUÊS (Fernando Pessoa)
Ó mar salgado, quanto do teu salSão lágrimas de Portugal!Por te cruzarmos, quantas mães choraram,Quantos filhos em vão rezaram!Quantas noivas ficaram por casarPara que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a penaSe a alma não é pequena.Quem quer passar além do BojadorTem que passar além da dor.Deus ao mar o perigo e…
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Quando Vier a Primavera (Fernando Pessoa)
Quando vier a Primavera,Se eu já estiver morto,As flores florirão da mesma maneiraE as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.A realidade não precisa de mim.Sinto uma alegria enormeAo pensar que a minha morte não tem importância nenhumaSe soubesse que amanhã morriaE a Primavera era depois de amanhã,Morreria contente, porque ela era depois…
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Agora que sinto amor
Agora que sinto amorTenho interesse nos perfumes.Nunca antes me interessou que uma flor tivesse cheiro.Agora sinto o perfume das flores como se visse uma coisa nova.Sei bem que elas cheiravam, como sei que existia.São coisas que se sabem por fora.Mas agora sei com a respiração da parte de trás da cabeça.Hoje as flores sabem-me bem…
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A morte chega cedo (Fernando Pessoa)
A morte chega cedo,Pois breve é toda vidaO instante é o arremedoDe uma coisa perdida. O amor foi começado,O ideal não acabou,E quem tenha alcançadoNão sabe o que alcançou. E tudo isto a morteRisca por não estar certoNo caderno da sorteQue Deus deixou aberto. Poema do Livro Cancioneiro de Fernando Pessoa. A morte chega cedo
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Como inútil taça cheia (Fernando Pessoa)
Como inútil taça cheiaQue ninguém ergue da mesa,Transborda de dor alheiaMeu coração sem tristeza.Sonhos de mágoa figuraSó para Ter que sentirE assim não tem a amarguraQue se temeu a fingir. Ficção num palco sem tábuasVestida de papel sedaMima uma dança de mágoasPara que nada suceda. Leia outros poemas de Fernando Pessoa Todas as Cartas de…
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Tabacaria (Fernando Pessoa)
Costa Pinheiro, “Fernando Pessoa – Heterônimos” Óleo sobre tela (1978) (Fonte) Não sou nada.Nunca serei nada.Não posso querer ser nada.À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. Janelas do meu quarto,Do meu quarto de um dos milhões do mundo.que ninguém sabe quem é( E se soubessem quem é, o que saberiam?),Dais para…
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Presságio (Fernando Pessoa)
O AMOR, quando se revela,Não se sabe revelar.Sabe bem olhar p’ra ela,Mas não lhe sabe falar. Quem quer dizer o que senteNão sabe o que há de dizer.Fala: parece que mente…Cala: parece esquecer… Ah, mas se ela adivinhasse,Se pudesse ouvir o olhar,E se um olhar lhe bastasseP’ra saber que a estão a amar! Mas quem…