LITERATURA – BRASILEIRA


Tag: Mulheres na Literatura

  • Tu Queres Sono: Despe-te dos Ruídos (Ana Cristina Cesar)

    Tu queres sono: despe-te dos ruídos, edos restos do dia, tira da tua bocao punhal e o trânsito, sombras deteus gritos, e roupas, choros, cordas etambém as faces que assomam sobre atua sonora forma de dar, e os outros corposque se deitam e se pisam, e as moscasque sobrevoam o cadáver do teu pai, e…

  • Se Eu Fosse Eu (Clarice Lispector)

    A Crônica “Se Eu Fosse Eu” de Clarice Lispector foi publicada em 30 de novembro de 1968 pelo Jornal do Brasil. Esta e outras cronicas podem ser encontradas no livro A descoberta do Mundo, que reúne as crônicas que ela escreveu para o Jornal do Brasil no período de 1967 a 1973. SE EU FOSSE…

  • Romance em doze linhas (Bruna Beber)

    quanto falta pra gente se ver hojequanto falta pra gente se ver logoquanto falta pra gente se ver todo diaquanto falta pra gente se ver pra semprequanto falta pra gente se ver dia sim dia nãoquanto falta pra gente se ver às vezesquanto falta pra gente se ver cada vez menosquanto falta pra gente não…

  • Descobrindo e Amando Nélida Piñon

    Nélida Piñon é uma escritora brasileira nascida no Rio de Janeiro. Imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), desde 1989, e foi a primeira (e única) mulher a presidir a instituição. Nélida escreveu diversos livros. Entre os mais consagrados estão: os romances A República dos Sonhos e Vozes no Deserto, ambos traduzidos para o inglês,…

  • Verdade seja dita (Mel Duarte)

    Verdade seja ditaVocê que não mova sua pica pra impor respeito a mim.Seu discurso machista, machucaE a cada palavra falhaCorta minhas iguais como navalhaNINGUÉM MERECE SER ESTUPRADA!Violada, violentadaSeja pelo abuso da fardaOu por trás de uma muralhaMinha vagina não é lixãoPra dispensar as tuas tralhas Canalha! Tanta gente alienadaQue reproduz seu discurso vazioE não adianta…

  • Aflição de ser eu e não ser outra …

    Aflição de ser eu e não ser outra.Aflição de não ser, amor, aquelaQue muitas filhas te deu, casou donzelaE à noite se prepara e se adivinhaObjeto de amor, atenta e bela.Aflição de não ser a grande ilhaQue te retém e não te desespera.(A noite como fera se avizinha)Aflição de ser água em meio à terraE…

  • Romance XXIV ou da Bandeira da Inconfidência (Cecília Meireles)

    Através de grossas portas,sentem-se luzes acesas,— e há indagações minuciosasdentro das casas fronteiras:olhos colados aos vidros,mulheres e homens à espreita,caras disformes de insônia,vigiando as ações alheias.Pelas gretas das janelas,pelas frestas das esteiras,agudas setas atirama inveja e a maledicência.Palavras conjeturadasoscilam no ar de surpresas,como peludas aranhasna gosma das teias densas,rápidas e envenenadas,engenhosas, sorrateiras. Atrás de portas…

  • Com licença poética (Adélia Prado)

    Quando nasci um anjo esbelto,desses que tocam trombeta, anunciou:vai carregar bandeira.Cargo muito pesado pra mulher,esta espécie ainda envergonhada.Aceito os subterfúgios que me cabem,sem precisar mentir.Não sou feia que não possa casar,acho o Rio de Janeiro uma beleza eora sim, ora não, creio em parto sem dor.Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.Inauguro linhagens, fundo…

  • Drumundana (Alice Ruiz)

    e agora maria? o amor acaboua filha casouo filho mudouteu homem foi pra vidaque tudo criaa fantasiaque você sonhouapagouà luz do dia e agora maria?vai com as outrasvai vivercom a hipocondria Paródia do poema “José”, de Carlos Drummond de Andrade. Alice Ruiz

  • MULHER AO ESPELHO (Cecília Meireles)

    Mulher em frente ao espelho Autor: Pablo Picasso   Hoje, que seja esta ou aquela,pouco me importa.Quero apenas parecer bela,pois, seja qual for, estou morta.Já fui loura, já fui morena,já fui Margarida e Beatriz,já fui Maria e Madalena.Só não pude ser como quis.Que mal fez essa cor fingidado meu cabelo, e do meu rosto,se é tudo…